ROLETA RUSSA
A bala incandescente, corta o ar, trespassa a cabeça,
Rompe o silêncio denso, não há quem se entristeça,
Salvação piedosa se espera, para aquele que ama,
Este que num brado de dor, em agudo som o proclama.
Amargor irrompe na boca seca, como dose de fel,
Por óbvio, jamais consumarão sua lua de mel,
O nunca, como que mal presságio, guia sua mão,
A que carrega o breve futuro, a derradeira salvação.
Num último jogo com a vida, já gris, tão morta,
Desafia a si mesmo, para então abrir aquela porta,
Que separa o mundo dos vivos, cruzá-la em rompante alado,
Bálsamo de alívio, para aquele que sofre calado.
(imagem-google)