Só
Cruzando a porta das lembranças,
O passado não é transposição temporal,
Não é marco de vivência, ou mesmo sofreguidão.
Esvaiu-se o amor, vivido, idealizado, sonhado;
Fica a dor do que se foi e o que será.
O passado, se eu pudesse, seria a consorte de todas as horas,
Não confiável, mas confiante. O passado, é o que se revive
Quando o futuro que assoma altivo ao cruzar da rua, é agouro pretenso
Do que se viveu.
Somente crê no futuro aquele que ama o passado; teme o futuro,
Lado outro, o mais são e lúcido dos alucinados.
O tempo é invenção do homem
E confirmação ingênua da gente,
Da mente,
Só,
Somente.