DOCE DEVANEIO
Não guardo flores
De amores passados,
Nem prolongo as páginas
De rancores rasgados.
Ainda que eu embeba
Minhas noites insones
De versos amargos
E licores viscosos,
Depuro as feridas recentes,
Sem receio de sangrar
E enroupo a mantilha do meu luto,
Sem pressa alguma de cicatrizar...
Numa memória nutrida,
Antecipações ainda a regozijar,
No beijo da sevícia sofrida,
Sem vereda certa a trilhar.
O prólogo em inspirado idílio
Formou precoce tom epilogal,
Emoldura meu imposto exílio,
Lágrimas em salobro manancial.
Na lembrança irrompe o momento,
A boca que sorve assim expressa,
O afagar sensual daquela promessa,
Ominoso dar de mãos a contento.
PATYMMEO & MARCUS HEMERLY